Watchmen é considerada uma das melhores HQs de todos os tempos, sendo indicada pela conceituada revista Time como uma das cem mais importantes obras em língua inglesa da história. Ao longo de 12 edições, publicadas entre 1986 e 1987, a obra, escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons, virou o mundo dos quadrinhos do avesso ao reinventar a imagem imaculada dos super-heróis. Segundo o portal Jovem Nerd, Watchmen rompeu com o gênero, trazendo uma visão realista para as histórias de heróis e ditando o tom que seria o padrão da indústria nas décadas seguintes.
A história se passa durante a Guerra Fria em uma cidade americana em que justiceiros mascarados costumavam andar pelas ruas para combater crimes com as próprias mãos. Os conflitos começam quando um deles é assassinado.
Watchmen traz anti-heróis que precisam lidar com questões éticas e psicológicas e estão longe da perfeição. No livro Eleanor & Park, da autora americana Rainbow Rowell, somos apresentados à dois jovens que passam por conflitos internos enquanto tem nos quadrinhos o fio condutor de sua relação.
Eleanor e Park são adolescentes de dezesseis anos e passam a juventude nos anos 80 como dois forasteiros das próprias vidas. Eleanor é ruiva, “grande” (como ela própria se descreve), gosta de se vestir com roupas largas e diferentes das meninas de sua idade e é vista por todos como a esquisitona solitária. Já Park é mestiço, filho de pai militar americano e mãe coreana, é o único asiático das redondezas e apesar de ser considerado descolado e bonito por muitos, sente-se por dentro uma folha avulsa que não se enquadra aos padrões das demais.
Por jogatinas do destino, Park precisa ceder a mordomia de se sentar sozinho no ônibus escolar para dividi-lo com Eleanor, a contragosto dos dois, que recusam-se a se falar ou ao menos se olhar durante os trajetos de ida e volta por vários dias. Até que Eleanor timidamente se interessa pelas revistas dos X-MEN e Watchmen que Park lê todos os dias no ônibus e os dois começam a fazer leituras de esguelha silenciosas, se acostumando aos poucos com a presença um do outro. Posteriormente, uma linda amizade e um romance se desenrola pelas páginas dos quadrinhos e fitas cassetes compartilhadas.
Os protagonistas performam o primeiro amor como ele é de verdade: intenso e desconhecido, quando as novidades de um sentimento estrangeiro causam medo e bagunçam o que se conhece da vida até então. Entretanto, ao contrário da maioria das histórias do gênero, o laço que os une começa a ser atado por meio de gestos imperceptíveis para o mundo e para eles próprios.
Leituras compartilhadas em silêncio e pilhas de HQs deixadas sob o banco sem aviso prévio ganham, posteriormente, a trilha sonora de The Smiths e debates verbais sobre música, quadrinhos e a cultura geek.
No entanto, o romance desenhado pela cultura pop não é moldado por meio de uma paixão à primeira vista e certezas absolutas. Assim como o restante de sua classe, Park acha Eleanor esquisita e questiona a todo momento, mesmo quando já havia se apaixonado pela garota, o porquê das roupas extravagantes e do cabelo ruivo cacheado indomado para alguém que olhava para o chão e permanecia quieta a fim de passar despercebida pelos colegas.
Mas, de alguma forma, as esquisitices da garota o fizeram confortável e corajoso para enfrentar a vida ao lado dela e, apesar de diferentes um do outro em muitos aspectos, Eleanor e Park não tem poderes que os tornem poderosos e nem possuem a pretensão de salvar e mudar o mundo.
Eleanor nasceu em uma família problemática e precisa apoiar a mãe e os quatro irmãos mais novos enquanto tenta se tornar invisível para o padrasto abusivo. Enfrenta todos os dias o que os seres humanos tem de mais tóxico e convive com o receio de ser si mesma, batalha travada também por Park, que reprime sua verdadeira essência com medo da figura militar e “máscula” do pai. No final das contas, o que torna esse dois jovens super-heróis é a escolha de ser quem são apesar do medo.
Eleanor & Park é um dos livros mais populares desta geração de jovens leitores pela sua capacidade de misturar de forma natural assuntos sérios como bullying, violência doméstica, autoaceitação, racismo e homofobia e a cultura pop dos anos 80 como se fosse uma receita que combina com perfeição todos os ingredientes do mundo. É possível se identificar com as batalhas dos personagens independentemente da época em que o leitor foi adolescente.
*Ilustração desenvolvida por Lucas Waroshi especialmente para o Vira-Tempo.
Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e "grande" (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família.
Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.
Comentários: