Resenha: A Prometida (com spoilers!)

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Resenha: A Prometida (com spoilers!)

Kiera Cass finalmente está de volta! Após seis anos do lançamento de A Escolha (aqueles dois livros extras a gente deixa para lá), a autora apresenta ao mundo A Prometida.

Resenha: A Prometida

Desta vez, acompanhamos Lady Hollis Brite, membro de uma família importante do reino de Coroa. Enquanto crescia em meio às maquinações da corte, Hollis sempre se sentiu a ovelha negra de sua linhagem, já que seus pais nunca se conformaram por não terem tido um herdeiro. O jeito livre e espontâneo de Hollis, muito diferente do que se espera de uma dama da nobreza, os frustra ainda mais. 

Porém, o que era motivo de vergonha e repreensão cativa a afeição do jovem rei Jamerson, que encantado por Hollis, a torna sua prometida e futura rainha.

Tudo muda com a chegada de um jovem e sua família do reino vizinho de Isolte, chacoalhando o coração e as certezas de Hollis.  

Cadê o romance?

Quando Kiera divulgou a sinopse de A Prometida foi inevitável comparar o enredo com a história de America, Maxon e Aspen, não só por sua popularidade, mas também pelas similaridades, como o triângulo amoroso que se passa em um castelo. 

Entretanto, se você espera encontrar um romance de contos de fadas como o de Maxerica, é bom diminuir as expectativas, pois não é bem isso que acontece.

Não há cenas que dão borboletas no estômago e o desenvolvimento dos relacionamentos acontece na velocidade da luz. São poucos os momentos de Hollis com seus pretendentes e é difícil até torcer para um ou para outro.

Hollis e o rei

A paixão de Hollis por Jameson é um bonde andando. Quando os dois personagens aparecem juntos pela  primeira vez no livro a protagonista já era praticamente a pretendente do rei. Nós não acompanhamos o momento em que os dois se encontram pela primeira vez e Jamerson passa a olhar Hollis como sua futura rainha. Por isso, temos a impressão que algumas páginas do livro foram arrancadas, pois pegamos essa parte da história pela metade.

E por falar em futura rainha, umas das maiores aflições de Hollis é não estar à altura das suas antecessoras. As mulheres têm grande importância na história de Coroa, tanta importância que seus feitos se sobressaem com relação aos dos regentes homens. 

Dito isso, foi estranho que o jovem rei coroano tenha tratado Hollis com tanto descaso. Parecia que ela era apenas o rosto de seu reinado e não alguém que realmente poderia fazer a diferença nas vidas dos súditos, como a mãe dele e as outras rainhas fizeram. 

Esse lado do personagem é contraditório, já que ele deveria ser o rei bondoso e diferente de todos os outros. Sua construção parece ter sido feita de modo a deixar a escolha da protagonista mais fácil, pois a “paixão” de Hollis pelo rei foi abalada muito facilmente. 

Hollis e o plebeu

É aí que entra Silas, o ex membro da nobreza do reino vizinho, Isolte. Bastou apenas duas rápidas conversas para que Hollis caísse de amores por ele e já começasse a questionar o que sentia pelo rei. 

Não é possível ver em momento algum algo que justificasse o nascimento de um sentimento forte entre os dois a ponto de fugirem para se casar, principalmente se tratando da futura noiva real e de um recém exilado. 

Bom, é isso que eu tenho a dizer sobre ele. Não me entendam mal, eu gosto do personagem, até acho que torceria para ele se a sua história tivesse sido contada melhor. As origens de Silas são muito ricas, afinal ele faz parte da nobreza de Isolte e, dada à doença do príncipe Hadrian e a falta de outros herdeiros, ele estava muito perto de se tornar rei. Esse, inclusive, foi um dos grandes motivos pelos quais ele fugiu de sua terra natal. 

Olha só, o plot perfeito! Entretanto, o personagem não foi tudo o que poderia ser e acabou sendo colocado na vida de Hollis apenas para abalar o mundo dela.

HOLLIS X SILAS X JAMERSON

No final das contas, a escolha de Hollis nunca foi entre Jamerson e Silas, mas sim entre continuar vivendo na corte como rainha ou renunciar à vida na nobreza para ser uma pessoa normal, longe do disse me disse no castelo. 

Jamerson e Silas estão mais para pretextos que justificam as decisões de Hollis do que interesses românticos. O rei acabou sendo a oportunidade perfeita encontrada por  Hollis para provar o seu valor. E o plebeu deu a coragem de que ela precisava para ir embora do castelo e assumir sua verdadeira natureza, que até então era podada pelos seus pais e pelos jogos da nobreza.

Ah, os refrescos!

Com sua entrada para a realeza Hollis fica ainda mais perto das intrigas políticas que envolvem o posto de rainha. Essa parte da história é a verdadeira joia da coroa. Ao contrário do que se espera de um livro escrito por Kiera Cass, os melhores momentos de Lady Brite são longe do romance.  

Os conflitos desencadeados pela chegada da corte de Isolte fizeram a leitura valer a pena. A figura sombria do rei Quinten e todos os mistérios que rondam o seu reinado cativam a atenção do leitor. 

Uma das maiores incógnitas de Isolte é sua rainha, Valentia. Ela não apareça muitas vezes em público e, por isso, não tem muitos amigos ou admiradores entre seu povo. 

As interações entre Hollis e a rainha renderam as melhores cenas da protagonista. Foi por meio de sua relação com a rainha que ela conheceu mais a fundo o mundo da realeza e teve um vislumbre do que poderia se tornar. 

Além disso, foi por Valentina que conhecemos os Cavaleiros Negros, razão pelo qual a família de Silas deixou sua terra natal. A ameaça e o medo provocada por esse grupo de assassinos movimenta  o meio e o final do livro. 

Veredito final de A Prometida

A sensação que fica ao final de A Prometida é que a sinopse não faz jus a história. Ao invés de um romance de tirar o fôlego temos um triângulo amoroso morno e nada cativante.

Por outro lado, Kiera volta com uma escrita mais madura, evidenciando suas qualidades. A começar pelo seu jeito próprio de criar protagonistas femininas fortes. Hollis é astuta e resiliente e apesar de duvidar de seu talento para ser rainha, sabe exatamente quais são suas qualidades e não tem medo de usá-las para resolver os problemas que aparecem pelo caminho. 

Outro talento da autora que brilha é a forma inteligente com a qual ela constrói as relações entre suas personagens femininas. Os conflitos e momentos de Hollis com as outras mulheres,  como sua melhor amiga Delia Gracie, a rainha Valentina e Lady Eastoffe roubaram a cena e eclipsaram completamente Jamerson e Silas. 

Bom, apesar do desenvolvimento da história ter deixado a desejar, o final foi eletrizante e deixou muitas pontas soltas a serem exploradas no próximo livro. O final de A Prometida abriu caminho para que Kiera traga uma continuação diferente de tudo o que ela já escreveu.

A Prometida

A Prometida

  • Autor: Kiera Cass
  • Tradução: Cristian Clemente
  • Editora: Seguinte
  • Ano de Publicação: 2020
  • Nº de páginas: 344

Quando o rei Jameson se declara para a Lady Hollis Brite, ela fica radiante. Afinal, a jovem cresceu no castelo de Keresken, competindo com as outras damas da nobreza pela atenção do rei, e agora finalmente poderá provar seu valor.
Cheia de ideias e opiniões, logo Hollis percebe que, por mais que os sentimentos de Jameson sejam verdadeiros, estar ao seu lado a transformaria num simples enfeite. Tudo fica ainda mais confuso quando ela conhece Silas, um estrangeiro que parece enxergá-la ― e aceitá-la ― como realmente é. Só que seguir seu coração significaria decepcionar todos à sua volta…
Hollis está diante de uma encruzilhada ― qual caminho levará ao seu final feliz?

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