Acostumado com jovens reunidos todos os finais de semana para ensaiar coreografias de K-POP, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) teve seus corredores inundados por mais um grupo de apaixonados, dessa vez por literatura. Pessoas de todas as idades reuniram-se no CCSP para participar da FLIPOP 2019, o festival focado no público de jovens leitores organizado pela editora Seguinte.
Durante os três dias de evento, os visitantes puderam participar de uma experiência literária imersiva formada por tudo o que um grande fã dos livros mais deseja: palestras, sessões de autógrafos, venda de livros, uma cabine fotográfica e a chance de esbarrar com seu autor preferido.
Os ansiosos puderam esperar pela chegada da FLIPOP assistindo a uma seleção de filmes sobre adolescência na mostra Pop Cinema, ficções/ fricções da adolescência, feita pela organização em parceria com a CCSP.
Diana Passy, analista de marketing da Seguinte e idealizadora da FLIPOP, conta que a terceira edição do evento cresceu e contou com a participação de 13 editoras, entre elas a Rocco e a Record. Pela primeira vez as editoras parceiras tiveram um espaço onde puderam fazer suas próprias vendas e interagir com o público.
Entre as editoras parceiras participaram: Aleph, Astral Cultural, Avec Editora, Duplo Sentido Editorial, Editora Planeta Brasil, FTD Educação, Grupo Editorial Record, Harper Collins Brasil, Morro Branco, Plataforma 21, Rico Editora, Rocco e todavia, e os parceiros Agência Página 7, LabPub e Turista Literário.
O salão principal do Centro Cultural recebeu mesas cobertas por livros em promoção e visitantes com grandes malas para comprar os títulos de suas listas de desejo.
Um dos grandes avanços da edição 2019 foi fazermos o evento no Centro Cultural São Paulo, que além de ter uma localização ótima já reúne um público jovem amplo normalmente, então o festival se encaixou perfeitamente no perfil do local.
(Diana Passy, analista de marketing da editora Seguinte e idealizadora da FLIPOP)
A literatura brasileira foi contemplada e acolhida em peso pela feira. Nas palestras simultâneas realizadas em dois espaços, 57 autores nacionais participaram de discussões sobre temas relacionados ao mundo dos livros.
Compareceram grandes nomes da literatura brasileira, entre eles Pedro Bandeira e Thalita Rebouças. O autor de O fantástico mistério de feiurinha falou sobre os livros que marcaram gerações e como as obras contemporâneas podem se tornar clássicos e a criadora de Fala sério, Mãe! participou de uma mesa sobre a representação dos jovens na mídia e as diferenças em escrever para diferentes formatos.
A dupla estrangeira convidada foi formada pela americana Erin Beaty, autora de O beijo traiçoeiro, e da canadense Kristen Ciccarelli, de A caçadora de dragões e A rainha aprisionada.
Ao final das rodadas de palestras os visitantes puderam participar de sessões de autógrafos.
Quem vê o evento fumegando de entusiasmo não imagina que há pouquíssimo tempo algo assim não existia. O Grupo Companhia das Letras participa de inúmeras eventos literários com focos e características diferentes, entretanto faltava algo mais robusto direciona ao público jovem.
Diana conta que ao invés de esperar pela iniciativa de terceiros a editora decidiu criar o festival com o qual sonhava. Para ela a maior dificuldade foi o nascimento peculiar do projeto, já que apesar de ser organizado por uma editora o festival tinha como objetivo abraçar as concorrentes também.
Nós acreditamos que é vantajoso que todas as editoras trabalhem juntas para desenvolver esse mercado, mas é comum que haja desconfianças entre quem não está acostumado a trabalhar assim.
Durante a organização Diana e sua equipe precisaram conciliá-la com o trabalho do dia a dia na editora, mas o esforço valeu a pena. Os visitantes saíram com a sensação de pertencimento e puderam olhar nos olhos de seus escritores favoritos, abraçá-los e conhecer um pouco mais dos pensamentos que tanto os encantaram nas páginas dos livros.
Iris Figueiredo participou de todas as edições da FLIPOP, sempre como autora:
Eu gosto que na FLIPOP as pessoas estão sempre muito próximas do que elas realmente são, elas se sentem muito livres e esse contato com o leitor, conversar com eles, ouvir o que eles acham do que você fez, é surreal. As vezes eu nem acredito muito bem, porque eu gosto muito de estar próxima e de saber e conhecer os efeitos daquilo que eu estou fazendo.
A Flipop é um espaço de encorajamento, aspirantes a escritores, como a jovem Vitória Matos, recebem o incentivo de que precisam para continuar escrevendo. Antes de ir à FLIPOP Vitória não tinha coragem de mostrar suas produções a ninguém, mas ao conhecer outras pessoas com o mesmo sonho e autores que o realizaram ela descobriu o ímpeto que não sabia que possuía.
Jana Bianchi é uma destes companheiros de sonho:
Ouvir as pessoas falando dá uma esperança, quando você está escrevendo na sua casa você fala ‘eu vou escrever isso aqui e ninguém vai ler’, quando você chega aqui tem essa galera que tem um potencial de escrever o que você escreveu, então você fala ‘não é que se eu escrever talvez eu esteja um dia dando autógrafos em vez estar nessa fila pegando autógrafos?!’.
A flipop também ensina a sua criadora. Ao longo de três anos trabalhando em benefício da literatura jovem, Diana aprendeu lições valiosas:
Fazer a Flipop me ensinou que existem muitos jovens lendo no Brasil sim, e que para eles aparecerem é só uma questão de dar-lhes espaço. Também ficou claro que a literatura nacional não deixa nada a desejar em relação à estrangeira, e que os leitores sabem disso e estão cada vez mais exigentes. O mercado passa por muitas dificuldades, mas esses três anos de organização me mostraram que tem muita gente boa trabalhando nele, pessoas que sabem que chegaremos mais longe se somarmos esforços.
Para conferir a entrevista na íntegra que Diana Passy concedeu à Vira-Tempo, clique aqui.
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